A certificação energética está a crescer em Portugal, diz a Deco e a ADENE. Documento vale benefícios fiscais no IMI e IMT.
Os pedidos de certificados energéticos estão a aumentar, diz a Deco, muito à boleia do boom no setor da construção e reabilitação urbana. A ADENE – Agência para a Energia comprova este cenário: em 2017 foram emitidos mais de 200 mil certificados por peritos qualificados que resultaram numa redução dos consumos de energia estimada em 73 milhões de euros por ano.
“No primeiro trimestre de 2018, a poupança é já de 20 milhões de euros anuais. Este valor agregado corresponde a evitar 37 vezes o consumo anual de energia do Hospital de Santa Maria, em Lisboa”, garante a ADENE, acrescentando que até março foram emitidos quase 52 mil certificados, um aumento de 8,7% só para a habitação. Este aumento está associado ao crescimento da certificação energética emitida após a conclusão de obras de construção nova (+65,2%) e de reabilitação (+293%).
“As casas portuguesas ainda não são eficientes do ponto de vista energético. Temos esse problema, mas estamos a acordar para as vantagens desta ferramenta. Há uma nova perceção associada à mais-valia de pedir um certificado energético quando alguém quer fazer obras numa casa, por exemplo. Já não é só aquela obrigação [desde 2009] decorrente do arrendamento ou da venda”, avalia Bruno Santos, da Deco Proteste, sublinhando que “apenas uma ínfima parte de edifícios do Estado já têm certificação energética”.
A ADENE lançou recentemente a campanha Certificar é Valorizar, para sensibilizar os portugueses para a certificação energética dos edifícios, “um tema ainda desconhecido para muitos”. “Obter o certificado permite identificar as necessidades e medidas a implementar para viver numa casa energeticamente mais eficiente, com o objetivo de, poupando, valorizar também o imóvel”, esclarece Manuel Bóia, administrador da ADENE.
Válido por dez anos, o certificado energético é uma avaliação detalhada do consumo e do desempenho energético de cada imóvel. É um documento em formato digital que avalia a eficiência de um imóvel numa escala de oito classes, em que F é o mínimo e A+ o máximo. Feito o diagnóstico, o certificado propõe medidas personalizadas para reduzir o consumo energético, como por exemplo a instalação de janelas eficientes ou o reforço do isolamento exterior ou interior.
“Em vez de fazermos obras em casa porque nos parece que faz sentido, é melhor pedir a peritos que identifiquem as soluções mais adequadas para cada habitação”, recomenda Bruno Santos. No mercado imobiliário, o certificado energético pode representar um acréscimo médio de até 10% no valor da habitação para as classes A e A+, além de benefícios fiscais no IMI e IMT e acesso a empréstimos para realização de obras com condições mais favoráveis.
Os certificados energéticos são emitidos numa plataforma informática, gerida pela ADENE, por peritos qualificados – como engenheiros e arquitetos – que tratam do processo de avaliação em alguns dias. Além da taxa a pagar à ADENE (cerca de 50 euros para um T3, por exemplo), o documento custa ainda mais 150 euros, em média. Os preços não são tabelados e podem variar muito. A Deco recomenda que sejam pedidos vários orçamentos a diferentes peritos.
Para 2019 a ADENE está a planear apresentar nova versão do certificado energético, com um novo layout e informação mais explícita para os consumidores. Em análise está a possibilidade da emissão de certificados com uma identificação gráfica diferente em função dos públicos-alvo e dos imóveis em causa.
5 passos para obter o certificado energético
-Pesquisa de mercado
Solicite propostas a vários peritos qualificados que atuem na sua zona.
-Reunir documentos
Antes da visita do perito, reúna toda a documentação do imóvel.
-Visita obrigatória
Facilite o acesso do perito a todos os espaços da sua casa. Esta visita é obrigatória.
-Tirar dúvidas
Acompanhe o processo de certificação e avalie, com o perito, as possíveis medidas de melhoria. Esclareça as suas dúvidas.
-Conferir informação
Peça uma versão prévia do certificado e confira os dados que constam no documento. Antes da emissão definitiva, o perito poderá entregar-lhe uma cópia sem validade legal.